Em 2025, a poluição continua sendo um problema crítico nas praias do litoral de São Paulo, afetando não apenas a qualidade de vida das populações locais, mas também o turismo, a economia e o ecossistema marinho. Segundo o último relatório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), divulgado em janeiro, 42 praias foram consideradas impróprias para banho devido à alta concentração de bactérias. Entre as mais afetadas estão praias de cidades como Praia Grande, Santos e Guarujá, onde esgoto doméstico e resíduos sólidos são despejados diretamente no mar.
A contaminação por bactérias do grupo dos enterococos, principal indicador de poluição das águas, é resultado direto do desperdício inadequado de esgoto. Esse problema reflete a ausência de sistemas eficientes de coleta e tratamento, especialmente em áreas com urbanização desordenada. Além disso, a gestão de resíduos sólidos agravou a situação: plásticos, bitucas de cigarro e outros detritos são frequentemente encontrados no litoral, colocando em risco a fauna marinha e contribuindo para a manipulação ambiental.
Diante desse cenário, “a engenharia tem um papel central na busca por soluções. Investir na infraestrutura de saneamento básico é uma necessidade urgente”, avalia o Presidente da APEAAP, Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho, Emanuel Barreto Rios.
“Uma abordagem promissora é a adoção de tecnologias inovadoras.Além disso, os engenheiros podem implementar redes de monitoramento da qualidade das águas para identificar rapidamente fontes de poluição e agir preventivamente”, completa.
Municípios como São Sebastião, Ilhabela, Praia Grande e Ubatuba apresentam o maior número de áreas afetadas. Essas condições estão diretamente relacionadas a diversos fatores, como o aumento das chuvas, o fluxo intenso de pessoas, o despejo irregular de esgoto, o crescimento urbano desordenado e a falta de manutenção em sistemas de drenagem. “Nesse contexto, o trabalho de engenheiros civis, ambientais e sanitaristas torna-se indispensável para reverter o cenário”, aponta o CREA-SP.
Outro ponto que merece destaque é o planejamento urbano. Engenheiros civis e urbanistas têm um papel essencial na concepção de projetos que integrem a expansão urbana à preservação ambiental, evitando a ocupação irregular de áreas costeiras e garantindo que novas construções sejam acompanhadas por infraestrutura de saneamento.
Com o adensamento populacional, surgem desafios significativos ligados à ocupação desordenada e à desigualdade no acesso a serviços básicos. “As cidades se desenvolvem rapidamente e recebem muitos turistas, principalmente em determinadas épocas do ano, como agora. Para isso, é fundamental que existam planos diretores bem estruturados e específicos, que priorizem a regularização das áreas e contemplem programas especiais. É preciso garantir que todos sejam atendidos”, afirma o Eng. Guilherme Del Nero Fiorellini, gerente da 7ª Região Administrativa do Crea-SP (que contempla o litoral sul de São Paulo) e chefe da Unidade de Gestão de Inspetoria (UGI) de Bragança Paulista.
Para que a Engenharia atue com maior eficiência, é necessário intensificar as fiscalizações, orientando todos os envolvidos, e utilizar ferramentas, como drones, que têm se mostrado eficazes em diferentes situações. Tornar as praias paulistas próprias para banho demanda não apenas medidas corretivas, mas também planejamento e inovação. A área tecnológica oferece recursos indispensáveis para enfrentar a crise ambiental e garantir que as próximas gerações possam aproveitar o litoral de forma segura e sustentável. “Quando falamos em recuperação, também nos referimos aos resíduos provenientes de diversas fontes, incluindo propriedades localizadas à beira-mar. É fundamental cuidar de todo o sistema ao redor para garantir uma gestão eficiente e reduzir ao máximo o descarte inadequado de resíduos”, reforça Del Nero.
A sinergia entre a expertise técnica dos engenheiros e o engajamento da sociedade é a chave para o sucesso das estratégias. Apenas por meio dessa colaboração será possível garantir que as praias retornem às condições adequadas para o lazer, com conservação da biodiversidade e segurança de um ambiente saudável para as gerações presentes e futuras.
“A engenharia, com sua capacidade de inovação e planejamento, pode liderar esse processo, ajudando a reverter os danos causados pela umidade e promovendo um futuro onde o litoral paulista seja sinônimo de beleza, saúde e sustentabilidade”, conclui o Presidente da APEAAP, Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho, Emanuel Barreto Rios.
Fabricio Oliveira
MTB nº 57.421/SP