Apenas duas semanas separam dois casos recentes de acidentes domésticos, um deles fatal, envolvendo figuras públicas na faixa dos 80 anos de idade: o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o do cantor Agnaldo Rayol, que sofreram quedas em casa.
As ocorrências escancaram uma triste realidade. A Associação Médica Brasileira (AMB) estima que metade da população com mais de 65 anos sofre frequentemente com quedas e que 70% delas ocorrem dentro de casa.
A possibilidade de uma maior expectativa de vida esbarra em uma série de questões. Nossas cidades estão preparadas para enfrentar uma inevitável inversão da pirâmide etária, já que, somente no Brasil, em menos de 10 anos o total de idosos aumentou quase 40%? E nossas residências, são suficientemente seguras para nos oferecer qualidade de vida na medida em que envelhecemos?
Com seu poder de transformação e inovação, a área tecnológica pode oferecer soluções e, assim, colaborar para garantir conforto, segurança e autonomia para um público que pretende permanecer na ativa por muito tempo.
Em sua edição de nº 9, a Revista Crea-SP trouxe a Engenharia da Longevidade como reportagem de capa, uma abordagem multidisciplinar que, a partir da aplicação de novas tecnologias, objetiva oferecer mais independência às pessoas.
Uma das frentes dessa proposta é o conceito já amplamente difundido da acessibilidade, que se baseia em três pilares: autonomia, conforto e segurança. “Nosso papel como profissionais da área tecnológica é criar soluções inteligentes que garantam que, com o avançar dos anos, seja preservada a capacidade de cada pessoa de, preferencialmente, executar sozinha suas próprias tarefas, com baixo esforço físico e, principalmente, longe de acidentes”, destaca a presidente do Crea-SP, Eng. Ligia Mackey.
Exemplos do bom uso da capacidade da área tecnológica não faltam, em especial tudo que já está disponível em termos de automação residencial, com dispositivos que ligam com comando de voz, iluminação, climatizadores e sistemas de som regulados por aplicativos, interruptores acionados pela proximidade da mão, robôs dedicados à limpeza e fechaduras digitais com reconhecimento biométrico.
A conscientização trazida pela informação é sempre uma medida de grande valor. Por meio de sua Comissão Permanente de Acessibilidade, o Crea-SP segue desenvolvendo conteúdos para auxiliar engenheiros, agrônomos e geocientistas a aplicar esses conceitos em suas atividades.
Um bom exemplo dessa iniciativa é a publicação Habitação Segura para a Terceira Idade, que traz orientações importantes. “Com o envelhecimento, a tendência é que as pessoas permaneçam a maior parte do tempo em suas casas. É fundamental, portanto, que esses ambientes estejam preparados para atender às suas necessidades essenciais com segurança, afastando os riscos de acidentes domésticos”, conclui a presidente do Conselho paulista.
Reportagem: Jornalista Perácio de Melo – SUPRICOM