A profissão de engenheiro agrônomo foi regulamentada no Brasil em 12 de outubro de 1933. A data do Decreto 2.3196 é, hoje, celebrada por esses profissionais. Em 2023, ano em que as cidades inteligentes estão no foco do debate da área tecnológica, a inclusão do campo nas estratégias de desenvolvimento socioeconômico é fundamental para a manutenção de toda a cadeia produtiva, com especial atenção à sustentabilidade.
Está tudo interligado. Ao mesmo tempo em que a tecnificação do campo fez com que mais pessoas migrassem para as cidades, é na zona rural que a maior parte dos alimentos continua sendo produzida. Essa produção precisa ser sustentável para alimentar a população de 9,8 bilhões de pessoas estimada para 2050. Por isso, a agricultura não pode ser deixada de fora das políticas públicas para um planejamento urbano inteligente.
Entre as profissões abrangidas pelo Sistema Confea-Crea está a do engenheiro agrônomo e defender as melhores condições para a atuação da área é uma prioridade. Por isso, um dos eixos temáticos do relatório técnico do 2º Simpósio Nacional de Cidades Inteligentes trata justamente do papel da Agronomia e propõe caminhos para garantir a segurança alimentar. Lançado pelo Crea-SP em agosto, o relatório é um instrumento para auxiliar a gestão dos municípios paulistas na elaboração de políticas e ações de promoção da inovação e eficiência dos serviços públicos. “Se a tecnologia é ferramenta, aliados a ela podemos ser solução”, afirma o Eng. Mamede Abou Dehn Jr., vice-presidente no exercício da Presidência do Crea-SP.
O campo precisa estar conectado para ser mais produtivo, mitigar impactos ambientais e “conversar” com as cidades inteligentes. Mas, esse ainda é um desafio. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), enquanto mais de 90% dos domicílios urbanos brasileiros já tinham internet em 2021, a cobertura da rede chegava apenas a 23% das famílias no campo no mesmo período.
“É a internet que pode conectar o agro com o futuro, otimizando e amplificando produções de forma sustentável, consciente e segura”, ressalta a Eng. Agr. Gisele Herbst Vazquez, coordenadora adjunta da Câmara Especializada de Agronomia (CEA) do Crea-SP. “Com melhores condições no campo, a indústria também cresce, as cadeias produtivas avançam, a geração de empregos acontece e a população tem segurança de desenvolvimento”, completa.
A expectativa do Mapa, que realizou um estudo com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), é de que, até 2026, 48% da população do campo tenha acesso à internet. Esse avanço esperado é uma necessidade porque o trabalho dos profissionais de Agronomia precisa de conexão. Em amostragem levantada pelo Crea-SP, que entrevistou mais de 250 profissionais, 93,5% afirmaram que computadores e aplicativos são necessários para o melhor desempenho de suas atividades e também para ampliar o acesso dos produtores a grupos de apoio, troca de dados e serviços diversos.
O relatório sobre cidades inteligentes evidencia essa e outras questões pertinentes aos agrônomos. Um dos tópicos do capítulo sobre agricultura, por exemplo, cita ainda as principais inovações tecnológicas para o futuro da agricultura, entre elas: biotecnologia, bioinformática e até design de alimentos.