CREA-SP e APEAAP destacam a importância da lei; Agronomia é o terceiro maior segmento de startups do país
No último dia 11 de maio 2021, o marco legal das startups foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Ao longo de seus nove capítulos, a legislação aborda diversas temáticas relacionadas à constituição e à atuação das startups: definições legais, ambiente regulatório, medidas de incentivo ao ambiente de negócio, participação do governo em startups e compras públicas. A lei foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 01 de junho de 2021.
Para especialistas, o marco legal das startups, como é conhecido o projeto de lei complementar 146/19, representa uma medida fundamental para o desenvolvimento do ecossistema inovador no Brasil. E deve atingir diretamente a Engenharia. Afinal, a engenharia está presente de forma latente no nosso dia a dia, e na formação de quase a totalidade dos projetos de startups.
O CREA-SP, que está investindo em um intenso processo de transformação digital, avalia a aprovação do marco legal como sendo algo importante para os profissionais que compõem o sistema. “No caso das startups, sem dúvida, o Marco Legal vai além da definição das regras do jogo. Simboliza uma rota de valorização às ideias que podem ser moldadas em grandes empresas, em fintechs, em parceiras do poder público. Enfim, em grupos que apontam soluções econômicas, tecnológicas e sustentáveis para um país que tanto necessita delas”, analisou o presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese.
A APEAAP (Associação dos Profissionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pindamonhangaba) destaca esse avanço do setor e avalia que esse é um caminho sem volta. “As startups não são passageiras, pelo contrário, elas estão cada vez mais fortes, mais atuantes e mais representantes dá área tecnológica, principalmente das engenharias, até porque, as soluções passam pelo crivo do engenheiro”, afirma o vice-presidente da APEAAP, Eng. Emanuel Barreto Rios.
“As dificuldades geradas em todos os níveis são ferramentas para a criação de soluções, sejam elas com mais tecnologia ou menos, porém todas elas com a sua importância e seu valor agregado. A dinâmica de criar uma solução é o coração de uma startup, assim, se houver uma oportunidade de negócio, se jogue, fomente uma startup”, conclui o Eng Emanuel.
Mas qual a diferença entre uma startup e uma empresa tradicional?
Nos últimos anos, as primeiras avançaram e ocuparam uma fatia significativa do mercado. Tanto é que os investimentos entre janeiro e novembro de 2020 chegaram a 2,87 bilhões de dólares em 426 aportes de capital em empresas (startups) brasileiras. Por sua vez, as empresas tradicionais ainda são o modelo de negócio predominante no país. A diferença é que elas precisam lidar com o crescimento de novos segmentos e concorrentes.
Mas afinal, o que é uma startup?
De acordo com o artigo disponível no site Remessa Online as startups são empresas que adotam a inovação como parte fundamental do seu modelo de negócio. É criar algo diferente do que já existe. É buscar uma solução que não encontramos no mercado. Normalmente, ainda está em seu início de funcionamento e pode não ter plano de negócios e nem um produto totalmente definido.
O termo foi criado ainda nos anos 90, nos Estados Unidos. Essas companhias foram impulsionadas pelo advento da internet, por isso as startups devem ser:
1. Inovadoras: não são tradicionais e buscam oferecer novas ideias para solucionar os problemas;
2. Disruptíveis: criam novos produtos e soluções;
3. Escaláveis: garantem a produção e a entrega em grande proporção, mas sem aumentar os custos de forma proporcional. Por isso, oferecem retorno rápido;
4. Repetíveis: o trabalho pode ser repetido em escala para diferentes clientes;
5. Incertas: em outras palavras, devem estar em um mercado pouco explorado, mesmo que ele ofereça mais riscos.
Destaque para a Agronomia
Espalhadas pelos interiores do Brasil, 299 agtechs estão na ativa, fazendo do agro o terceiro maior segmento de startups do país — atrás apenas de educação e saúde e bem-estar. É o que aponta o Mapeamento Agtech 2021, lançado no último dia 17 de junho pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Este número é 64% maior que a quantidade de startups voltadas ao campo em 2018, quando a primeira edição do estudo foi lançada.
De acordo com o novo levantamento, 72,8% das agtechs atuam dentro da porteira, ou seja, em tecnologias que auxiliam a produção e a gestão agrícola. De acordo com Felipe Matos, presidente da Abstartups, um exemplo é o desenvolvimento de Softwares de gestão.
Na construção civil
Assim como existem as Fintechs para o setor financeiro, na construção civil o termo Construtech está começando a despontar. Ele está relacionado às startups criadas com o propósito de atender as “dores” e anseios deste setor e de sua cadeia. Há projetos que disponibilizam controle de fornecedores e clientes, permite planejar e gerir todas as obras, acompanhar as fases construtivas, automatizar cotações, controlar fluxos de compra de materiais e a contratação ou prestação de serviços.
Assim como há tecnologias que permitem aumentar ou diminuir a planta de um imóvel levando em consideração as necessidades do cliente em cada fase da vida. A ideia dessa startup funciona como um lego da vida real, com plantas arquitetônicas que se adaptam às demandas dos usuários devido à junção de módulos que possuem várias metragens.
As Construtechs vêm ganhando cada vez mais força e mostrando-se como uma tendência macro tecnológica e econômica. O Brasil tem percebido esta potência e já existe no país, inclusive, uma aceleradora para preparar as startups da construção civil: a WIP (Work in Progress), que nasceu da reunião da Gerdau, InterCement, Tigre
O objetivo da WIP é descobrir soluções disruptivas que proporcionem formas de gerar mais qualidade de vida, sustentabilidade e eficiência nas operações ao longo dos próximos anos, com foco nas grandes cidades brasileiras. As startups escolhidas participam de um programa de aceleração com duração de 4 a 10 meses, que envolve diversas etapas, transformações, plano de crescimento e mentoria de profissionais consagrados pelo mercado, aplicando a metodologia de aceleração com resultados.
Como começar?
Começar um negócio novo requer um bom planejamento, tempo, organização e, principalmente, estudo. O próprio conceito de startup já traz em si sua essência: inovação. Abrir uma startup significa colocar em prática uma nova ideia, gerar um novo modelo de negócio que tem potencial de crescimento, ou seja, é escalável.
Assim, o primeiro passo no processo de abrir uma startup é montar um plano de negócio, através de ferramentas de planejamento estratégico que permitam estruturar o negócio pretendido. Ou seja, verificando se realmente há mercado para essa ideia, qual o investimento inicial necessário, se o modelo é passível de boa rentabilidade, quais os custos envolvidos etc.
Após a estruturação do negócio, é possível enxergar se a ideia gera valor ao mercado, bem como definir fluxos e processos necessários para alavancar a startup. Na sequência existem questões burocráticas e regras que devem ser seguidas, e para isso serviços de contabilidade também são necessários.
Jornalista Fabricio Oliveira
MTB nº 57.421/SP