Em nossa região do Vale do Paraíba e Litoral Norte você deve ter avistado um anúncio em outdoor ou um banner em suas redes socias sobre sistemas solares para diminuir sua conta de luz. Mas será que basta instalar este sistema? As empresas estão ofertando adequadamente? As pessoas estão incorporando adequadamente em seus projetos ou imóveis? E os profissionais como estão agindo?
O mercado nacional vem mostrando uma grande procura por estes sistemas de energia estimulados por ajustamentos normativos para incorporação destes equipamentos à rede de distribuição de energia, aumento na disponibilidade de tecnologia importada e potencializado pelo e-commerce, assim, basta dispor do valor do consumo em reais e em quilowatts por hora e, “plin”, num passe de mágica, seu sistema está dimensionado por um portal virtual destas empresas do ramo, com cotação e indicação de equipe local para instalação. Ainda lhe oferecem parcerias bancárias para parcelamentos, consórcios e financiamentos. Somam-se aos benefícios ofertados a garantia de grande economia no consumo junto à concessionária, longo tempo de vida útil do sistema e a taxa de retorno de investimento relativamente rápida, entre 4 e 5 anos. Oportuno mencionar que este dinamismo todo não contempla uma série de análises importantes que deveriam ser observadas por um profissional de engenharia e/ou arquitetura envolvendo o impacto estrutural – civil e elétrica – ou até mesmo de percepção visual sobre a arquitetura, possibilidade de incorporação de outras tecnologias também sustentáveis que permitem, inclusive, a aquisição de sistemas menores e mais acessíveis que atendam perfeitamente a necessidade com excelência de resultados e satisfação do consumidor.
De forma simplificada a grande maioria dos sistemas ofertados são para uso denominado “on grid” que, conectado no sistema elétrico convencional permite a contabilidade de créditos energéticos, pois ao longo do dia sob a incidência da radiação solar os módulos ou placas fotovoltaicas geralmente instaladas sobre o telhado produzirão eletricidade e, controlados e sincronizados por equipamentos eletrônicos chamados de inversores, serão encaminhados ao sistema comum de distribuição, então, o medidor de energia bidirecional, instalado pós-homologação junto à concessionária, registrará o saldo entre o produzido e o consumido ao longo do dia e da noite, respectivamente. Como a incidência solar ao longo do ano ou do dia têm variações é bem possível que a criação destes créditos seja acumulada em uma semana ou mês e, por sua vez, o consumo em outro período distinto. Também deve se contemplar a análise do local considerando a disposição do imóvel e melhor incidência diante da rota solar beneficiando-se do maior período de exposição ao longo do dia, menor encaminhamento dos circuitos elétricos e disposição dos equipamentos privilegiando a economia na instalação e manutenção do sistema.
Em uma abordagem mais ampla e pensando num processo expandido de gestão energética é possível incorporar, além do sistema “on grid” dimensionado ao perfil de uso deste consumidor, o sistema “off grid” onde conjuntos autônomos que, também pela incidência solar em pequenos módulos acoplados em equipamentos com baterias funcionarão independente da rede elétrica, assim, luminárias, circuitos de segurança ou bombeamento tornam-se independentes do sistema tradicional e, dependendo da capacidade financeira ou de necessidade – instalações rurais ou em zonas isoladas – tornar o imóvel totalmente autossustentável ou diminuir consideravelmente as despesas com cabeamento e seus desdobramentos: transformadores, quadros elétricos, eletrodutos, outros.
A construção sustentável satisfazendo critérios de certificação internacional já contempla soluções para reaproveitamento de água de chuva, telhado verde, ventilação e luz natural, permitirá, por meio de profissionais comprometidos, a melhor solução técnica/financeira em acordo com os interesses de seu contratante para a incorporação destas soluções em qualquer etapa de seus projetos. É possível analisar e instalar sistemas integrais ou prever estruturas que serão parcialmente executadas e aguardarão a conclusão quando da necessidade ou disponibilidade destes equipamentos que, muitas vezes vinculadas a situação financeira do interessado para investimento, evita-se uma série de adaptações para instalação posterior. O mercado especializado vêm desenvolvendo um gama de produtos que causam menor impacto arquitetônico ou estrutural, tais como, telha solar fotovoltaica em substituição ao módulos tradicionais com estrutura metálica sobreposta ou módulos híbridos que agregam as funcionalidades sobre a luz e calor, assim, proporcionando eletricidade e aquecimento de água, para ficar em alguns casos. Nos casos de construções concluídas a inclusão destes sistemas exigem da engenharia as projeções de soluções em acordo com o retorno do investimento evitando a remodelagem de grande monta ou difíceis adaptações.
Este mercado consumidor crescente dos kits solares vem a reboque e estimulado por outros segmentos da economia, por exemplo, o recente aumento na oferta de automóveis elétricos ou híbridos que reforçam a preocupação com a sustentabilidade e, assim, profissionais de engenharia e arquitetura podem ampliar seu portfólio de serviços ao agregar estas tecnologias em seus projetos.
Por Weliton de Abreu
Eng. Eletricista
Consultor em Engenharia de Eletricidade
Coordenador de curso de Engenharia da UNIFUNVIC
wesaengenharia@gmail.com